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Angola participa na 3ª Edição do Fórum Africano sobre Ciência, Tecnologia e Inovação

O Banco Africano de Desenvolvimento, o Governo Egípcio, apoiados pela República da Coreia do Sul, Japão e outros parceiros, realizam de 10 a 12 de Fevereiro de 2018 no Cairo, Egipto, a terceira edição do Fórum Africano sobre Ciência, Tecnologia e Inovação ("Africa Forum on STI"). 

Esta edição do fórum enfatiza a importância da investigação para promover a inovação e os bens e serviços exploráveis, concentrando-se no sector privado em cinco áreas: mudanças climáticas, nutrição, água, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e produtos farmacêuticos - estas cinco áreas selecionadas oferecem oportunidades tangíveis para a transformação económica do continente.

O Fórum visa alcançar o crescimento económico e aumentar a competitividade do sector privado africano através do uso da ciência, tecnologia e inovação. Isso, instando os países do continente a investir mais em investigação, ensino superior e ciência, para construir uma economia do conhecimento e para não perder o comboio da nova revolução industrial em movimento.

Como espaço de intercâmbio e promoção do conhecimento, o Fórum on STI permite uma ampla divulgação dos mais recentes conhecimentos e tecnologias, melhores práticas tanto a nível regional como global, além de promover empreendedorismo no ensino superior, bem como em ciência e tecnologia. 

Angola participa desta 3ª edição do Fórum Africano sobre Ciência, Tecnologia e Inovação com uma delegação liderada pela Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Prof. Doutora Maria do Rosário Bragança Sambo. Especificamente, a Ministra intervirá na Sessão Paralela sobre "Tecnologia de alimentação e nutrição: Caminhos inovadores com vista a construção de infra-estruturas de massa cinzenta em África", no dia 11 de Fevereiro de 2018.

 Líderes políticos africanos e outros decisores - actuais e futuros - têm a oportunidade de elaborar um roteiro comum para ampliar a ciência, a tecnologia e a inovação para o continente africano. Além de muitos ministros africanos de ensino superior, ciência e tecnologia, o Fórum reúne diferentes actores dos sectores público e privado, cientistas, investigadores, inventores - incluindo muitos jovens - e parceiros de cooperação para o desenvolvimento.

 

Mais Informação

https://www.afdb.org/en/news-and-events/third-africa-forum-on-sti-building-on-science-technology-and-innovation-to-boost-private-sector-and-socio-economic-transformation-in-africa-17714/

 

Celebração do "Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência"

O dia 11 de Fevereiro foi instituído pela Organização da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Este dia constitui uma oportunidade para todos apoiarem a sua integração na ciência, com o intuito de chamar a atenção para a necessidade de se continuar os esforços na redução das diferenças de género na ciência.

No âmbito das comemorações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) exorta, através da Circular Nº04/GMESCTI/31/01 de 2018, todas as instituições de ensino, incluindo as Instituições de Ensino Superior e as Instituições de Investigação Científica e Desenvolvimento a comemorarem esta data. A referida circular, que pode ser lida na íntegra clicando aqui, incentiva ainda a partilha, na "primeira pessoa", de histórias interessantes de mulheres com percurso na ciência.

 

Mais informações

http://www.un.org/en/events/women-and-girls-in-science-day/

A Qualidade do Ensino Superior em Angola (Do estado real ao estado desejado)

 

A qualidade do ensino superior em Angola é uma preocupação constante de estudantes, professores, encarregados de educação, ou seja, de todas as forças vivas da nossa sociedade. Preocupações como a competência profissional dos docentes, o estímulo e a motivação pela carreira docente, o processo de recrutamento de pessoal para o exercício da profissão, o desenvolvimento das infraestruturas universitárias, a confusão e proliferação de Instituições do Ensino Superior (IES) que não reúnem o mínimo de condições para funcionar, são todas de extrema importância.

A universidade tem três tarefas fundamentais para ser considerada como tal: o ensino, a investigação e a extensão. Isto significa que toda e qualquer universidade deve reger-se por esta tríade para ser considerada como tal. Verificamos com muita apreensão que na nossa sociedade há um grande número de IES que se denominam como universidades e que na maior parte dos casos não cumprem com o que acima mencionamos, ou seja, dentro da sua actividade não incorporam nem combinam o ensino com a investigação científica e muito menos com a extensão, factos que põem em dúvida a natureza destas instituições.

Defendemos a ideia de que a qualidade do ensino superior passa em primeiro lugar por acções de planeamento, organização interna das universidades e sobretudo por acções de avaliação quer sejam internas ou externas para a credibilização da formação que se ministra. Ora não sendo uma prática constante das universidades angolanas os processos de avaliação interna e externa, fazem com que não existam indicadores de referência comparáveis a universidades similares de outros países. Nesta perspectiva quando se fala de qualidade do ensino superior está-se a falar do tipo de quadros que são formados por estas universidades e da sua capacidade de se inserir no exigente, dinâmico e competitivo mundo do emprego.

A nomenclatura dos cursos é ainda restrita e em muitos casos desconhecida pelo patronato de um modo geral e os cursos existentes coincidem com os de algumas profissões integrantes do mercado de trabalho, e o diploma, na maioria dos casos, garante o exercício profissional e os privilégios caracterizados na regulamentação daquela profissão. Isso significa que, formalmente, os estudantes especializam-se precocemente, em detrimento da formação científica geral e das possíveis, futuras, adaptações ao dinâmico mundo do trabalho.

Verificamos ainda que a expansão do leque de ofertas é hoje bastante polémico: deu-se uma pulverização de disciplinas; os cursos desarticularam-se por não terem um órgão colegial responsável pela sua unidade e conjunto; o tempo médio de realização dos cursos pelos estudantes aumentou sensivelmente porque o tempo integral dos professores confunde-se com o tempo parcial, já que muitos professores vão à busca de mecanismos de sobrevivência exercendo e/ou desempenhando outras actvividades fora das suas universidades.

Outro assunto que defendemos é o de que todas as universidades devem ter programas de investigação científica e de formação pós-graduada para fazer face às necessidades cada vez mais exigentes do mercado. Verificamos com muito desagrado que são poucas as IES que se preocupam com a superação académica e científica dos seus professores e pessoal não docente, o que afecta a qualidade de ensino que se ministra, a transição de categoria e por conseguinte os índices motivacionais dos mesmos.

Constatamos também que existem instituições onde há Assistentes Estagiários há mais de cinco, seis ou sete anos no exercício da actividade docente. Os processos de admissão e de progressão na carreira são fortemente emperrados pela burocracia e políticas de quotas que não se coadunam com a dinâmica universitária.

Embora se tenha recuado em termos democráticos, temos hoje uma universidade com um maior percentual pertencente à classe média baixa. Essa característica da população estudantil que, entre outras coisas, encontra-se “despolitizada”, acha-se motivada por valores mais complexos e contraditórios, com identidade nova, com expectativas e padrões de comportamento bem diferentes das de vinte anos atrás; na universidade eles veem um “locus” para expressar a sua concepção de vida, criar cultura própria, abraçar ou rechaçar normas, alimentar ideologias e construir modelos de valorização.

O potencial político passou para os professores, elite hoje de uma comunidade académica em expansão. Deles depende a governabilidade das IES, a transmissão da cultura superior do país, a formação de segmentos profissionais e técnicos a cujo status aspira parte razoável da população.

Este vertiginoso processo de mutação, este salto qualitativo da sociedade angolana tem estado a impedir a universidade de desenvolver uma identidade sólida e socialmente legitimada, internacionalmente valorizada e assegurada, e este facto só pode realizar-se durante muitos anos de existência, não sendo justo, portanto, que se queira pôr no mesmo patamar instituições com trajectórias diferentes no que concerne ao tempo de existência, estabilidade e ao desenvolvimento.

Como pode a universidade estabilizar-se e desempenhar as suas funções dentro da sociedade? 

Como pode a universidade construir, em torno destes objectivos, uma tradição válida assente na legitimidade social? 

Como poderá a universidade ser o garante dessa tradição e fundamento de uma cultura institucional que lhe permita, ao mesmo tempo, conservar-se e mudar, ser ela mesma e diferenciar-se, permanecer e inovar-se? 

Tudo isso será possível com o concurso e a viabilização dos processos democráticos institucionais e do conhecimento que devem ser assegurados pelo departamento ministerial responsável pelo ensino superior, enquanto órgão regulador destas políticas e garante da qualidade do ensino que se pretende em Angola.

 

Amílcar Inácio Evaristo, Ph.D.

Biólogo e Psicólogo

Professor Associado da Universidade Agostinho Neto-ISCISA (Instituto Superior de Ciências da Saúde)

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