UNESCO mobiliza 122 países para promover a ciência aberta e o reforço da cooperação face à COVID-19
- Escrito por Portal Ciencia.ao
Ontem, segunda-feira, 30 de Março, a UNESCO realizou uma reunião on-line com ministros responsáveis pela ciência e seus representantes incluindo 122 países e organizações internacionais. Entre os participantes estavam 77 ministros, bem como representantes de organismos internacionais como: Sarah Anyang Agbor, Comissária da União Africana para Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia, Mariya Gabriel, Comissária Europeia para Inovação, Pesquisa, Cultura, Educação e Juventude, Moses Omar Halleslevens Acevedo, ex-vice-presidente da Nicarágua e Dr. Soumya Swaminathan, investigador chefe da Organização Mundial da Saúde.
Por Angola participou a Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Prof. Doutora Maria do Rosário Bragança Sambo, fazendo-se acompanhar do Director Nacional para Ciência e Investigação Científica, Prof. Doutor António de Alcochete e do Director Nacional para Formação Pós-Graduada, Prof. Doutor Emanuel Catumbela.
A reunião teve como objectivo trocar pontos de vista sobre o papel da cooperação internacional em ciência e aumentar o investimento no contexto do COVID-19.
O tópico principal da reunião foi a ciência aberta, para a qual a UNESCO trabalha em uma recomendação internacional desde Novembro de 2019. Em relação à ciência aberta, a reunião teve a seguinte agenda de trabalho:
- A união de conhecimentos, medidas de apoio à investigação científica e a redução da lacuna de conhecimento entre países;
- Mobilização de tomadores de decisão, investigadores, inovadores, editores e sociedade civil para permitir o livre acesso a dados científicos, resultados de investigação, recursos educacionais e instalações de investigação;
- Reforço dos vínculos entre as decisões científicas e políticas, para atender às necessidades da sociedade;
- A abertura da ciência à sociedade enquanto as fronteiras estão fechadas.
A Directora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, apelou aos governos o reforço na cooperação científica e a integração da ciência aberta nos seus programas de investigação científica para prevenir e mitigar crises globais.
“A pandemia do COVID-19 aumenta a nossa consciência da importância da ciência, tanto na investigação, quanto na cooperação internacional. A crise actual também demonstra a urgência de intensificar a partilha de informações por meio da ciência aberta. Chegou a hora de nos comprometermos todos ”, declarou a Directora-geral.
A Sra. Anyang Agbor, da União Africana, enfatizou que “a África precisa de uma colaboração mais forte entre instituições de investigação científica que mobilize a academia e os sectores público e privado. A União Africana, no final de 2019, reconheceu a Ciência Aberta (Open Science) como um divisor de águas no tratamento das desigualdades".
A mensagem da Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, Prof. Doutora Maria do Rosário Bragança, incluiu, dentre outros aspectos, a necessidade de livre acesso a informações e publicações científicas, de apoio para criação de uma plataforma interativa para detecção e notificação de casos ao nível nacional, com emissão de estatísticas e outras correlações, permitindo acompanhar em tempo real a dinâmica e o desenvolvimento da epidemia nos países. Essa ferramenta também poderá ser utilizada para outras doenças, de acordo com o perfil epidemiológico de cada país, no nosso caso, como malária, dengue, infecções respiratórias.
Ao longo destas últimas semanas a comunidade científica internacional tem sido mobilizada em torno da emergência, compartilhando e disponibilizando universalmente os resultados de investigação científica e realizando uma reforma sem precedentes nos seus métodos de trabalho (as principais revistas científicas tornaram o conteúdo sobre o vírus acessível a todos, mais de 1.000 artigos foram publicados em acesso aberto ,em resposta ao apelo da OMS, em poucos dias estabeleceram-se consórcios internacionais de investigação científica permitindo um progresso rápido, incluindo o sequenciamento do ADN do vírus em apenas algumas semanas).
“Todos nós dependemos da ciência para sobreviver”, concluiu Marcos Pontes, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação do Brasil.
Luanda, 31 de Março de 2020.