QUANDO FOR GRANDE QUERO SER...
Quem de nós, na infância, nunca se deixou um dia, intimidar pela matemática, química ou física? Pessoas há que mudaram radicalmente o seu futuro profissional só porque queriam evitar essas áreas por considerá-las um bicho de sete cabeças.
Acontece que na actual conjuntura de novos desafios para Angola, mais de 12 anos depois do alcance da paz, começa a destacar-se a grande necessidade de os jovens angolanos olharem para estas áreas das ciências técnicas e tecnológicas de forma positiva e ambiciosa, devendo optar pelas diversas engenharias (civil, petrolífera, minas, química, etc.), biologia, matemática, física, entre outras profissões, em cujas áreas o país se revela ainda bastante carente.
E porque o futuro faz-se com opções de hoje, o Ministério da Ciência e Tecnologia está a desenvolver um inovador programa educativo para sensibilizar os jovens angolanos a optarem para o estudo das áreas da ciência, tecnologia e inovação.
Chama-se “Uma Viagem ao Mundo da Ciência, Tecnologia e Inovação” e está a ser desenvolvido nas escolas do país, mediante recurso ao teatro, uma linguagem muito apreciada pelos crianças, adolescentes e jovens angolanos.
O projecto lançado em Luanda, em Abril passado, pela Ministra da Ciência e Tecnologia, Prof. Doutora Maria Cândida Pereira Teixeira, tem como públicos-alvo cerca de 100 mil alunos, a partir dos 11 anos de idade, a frequentar os anos escolares do 1º Ciclo do Ensino Secundário. Na ocasião, a Ministra destacou que Angola precisa de mais conhecimento nas áreas técnicas para que haja profissionais nacionais.
A The Bridge Angola, empresa de direito angolano é a entidade parceira do Ministério da Ciência e Tecnologia que está a realizar o projecto “Uma Viagem ao Mundo da Ciência, Tecnologia e Inovação”. E porque a ideia é levar a iniciativa às 18 províncias do país, o seu desenrolar conta com o envolvimento de mais de 4 mil pessoas, entre professores e coordenadores pedagógicos. Neste momento, o projecto está já em fase de conclusão, tendo sido elevada em maias de 50 escolas.
Na prática, tudo começa com uma visita às escolas durante a qual, os alunos recebem uma brochura com informações e material didático. A par disso, os professores e coordenadores pedagógicos recebem toda a informação referente ao programa e um kit constituído por material didático no domínio das ciências para que os professores possam juntamente com os alunos, fazer experiências e prepará-los para o projecto. Cada kit tem cerca de 80 experiências diferentes.
Numa segunda fase, é agendada, com as escolas, a apresentação da peça teatral com o tema “Quando eu crescer eu vou ser...”, uma forma divertida de estimular e sensibilizar a sociedade para o conhecimento científico. Durante cerca de 30 minutos, dois actores encarnam o papel de jovens personagens e um terceiro actor representa um ilustre cientista angolano, o Professor Bué. A peça permite uma interacção cultural, divertida e muito dinâmica. Nos diálogos dos actores estão sempre presentes os temas do programa e são abordadas as várias profissões ligadas ao mundo da ciência, da tecnologia e da inovação. Durante a representação da peça, os actores realizam também diversas experiências científicas, que prometem gerar momentos de grande animação e surpresa. E como conclusão, ainda existe o concurso entre escolas sobre a melhor redacção com o tema “o que quero ser quando for grande e porquê”.
A aplicação do projecto no terreno tem sido muito positiva, marcada por uma grande interacção entre formadores, actores e crianças, durante a peça de teatro, cujo fim é desfazer o pavor que muitos ainda têm em torno das ciências e criar desde cedo uma nova perspectiva de as encarar.