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Ricardo Queirós

Ricardo Queirós

Consumo Eficiente de Energia Eléctrica – Comportamento do Consumidor

Cada vez mais a energia eléctrica é essencial nas nossas vidas. Apercebemo-nos deste facto logo que ela falha! São, por exemplo, os alimentos que se estragam, a escuridão que impossibilita a realização das nossas actividades, o entretenimento (ex. Televisão, computadores, etc.) que se limita, a produção do país que paralisa... A utilização de energia eléctrica é tão importante que já é por vezes considerada um indicador económico.

Tipicamente, a energia eléctrica dos países é gerada em centrais hidroeléctricas (barragens), termoeléctricas (queima de combustível) e/ou a partir de painéis solares e de aerogeradores (energia eólica). Como alternativa, usam-se os geradores diesel, cuja capacidade (em KVA) depende da carga a alimentar. Salienta-se que a tendência global é investir em energias renováveis (ex. solar, eólica, etc.), dadas as vantagens económicas e ambientais a longo prazo.

O consumo de energia eléctrica cresce a cada dia que passa, pois somos cada vez mais e regularmente adquirimos novas aplicações eléctricas (ex. electrodomésticos, electrobombas, maquinaria industrial, etc.). Assim, há necessidade de se estimar o consumo para que se possa antecipar a capacidade necessária de produção. O ideal é que a capacidade de produção seja sempre superior ao consumo, caso contrário é necessário fazer restrições. Por outro lado, destaca-se o importante papel do transporte e da distribuição da energia eléctrica. Ou seja, não basta produzir energia suficiente, é necessário ser capaz de a transportar em segurança da central até ao consumidor final.

Quando a capacidade de produção é insuficiente para satisfazer a demanda de energia eléctrica é necessário aumentar a produção (ex. mais centrais) e/ou reduzir o consumo (ex. desligar as cargas que não estão a ser utilizadas). O aumento de produção está associado a elevados custos e tempo para instalação das centrais, o que obriga a um planeamento atempado. Por outro lado, o comportamento do consumidor é extremamente importante uma vez que pode evitar o desperdício de energia, o que resulta em mais população a ter acesso aos benefícios da energia eléctrica, sem custos adicionais. 

Grandes quantidades de energia eléctrica são desperdiçadas todos os dias. Ou seja, a produção já é insuficiente e ainda desperdiçamos o que temos. Assim, é necessário consumir de forma mais eficiente, além do aumento da produção, para que se atinja a sustentabilidade do sistema. Salienta-se que o cidadão joga um papel directo no consumo eficiente, mas indirecto na produção de energia eléctrica (ex. indicador de demanda).

Assim, este artigo pretende destacar o papel do comportamento do cidadão no consumo eficiente de energia eléctrica. Trata-se de um processo e, portanto, não pode ser obtido instantaneamente. Nesse sentido, é de extrema importância a consciencialização (ex. campanhas de informação pela televisão, pela rádio, nas escolas, no serviços, por e-mail, por SMS, etc.) e motivação (ex. incentivos, prémios, etc.) dos consumidores sobre como o seu comportamento afecta o sistema eléctrico nacional. Poderão, por exemplo, existir horários mais económicos, fora do pico da demanda. Consegue-se assim melhor distribuir o consumo ao longo do dia. Contudo, a ideia central a passar é que se todos consumirmos apenas o que necessitamos, poupamos dinheiro, contribuímos para a melhoria do ambiente e mais cidadãos poderão ter acesso à energia eléctrica. 

Apresentam-se a seguir alguns conselhos práticos ao consumidor que contribuirão para um consumo mais eficiente de energia eléctrica:

  • Desligue as luzes e aparelhos quando não estão a ser utilizados;
  • Use lâmpadas de baixo consumo;
  • Onde possível, instale detectores de movimento para accionar lâmpadas;
  • Sempre que possível utilize a luz do sol (abra as cortinas);
  • Regule os aparelhos de ar-condicionado para a temperatura desejada (ex. 22 ºC) em vez do mínimo (ex. 16 ºC) e mantenha o espaço fechado. A manutenção dos mesmos também é de extrema importância;
  • Adquira equipamentos energeticamente eficientes (ex. Selo “Energy Star”);
  • Evite deixar em “stand-by” os equipamentos (ex. TV);
  • Use temporizadores e regule os termóstatos dos aquecedores eléctricos de água;
  • Evite utilizar a máquina de lavar roupa sem estar devidamente cheia;
  • Verifique o consumo de energia eléctrica (ex. sistema pré-pago).

Assim, no caso de Angola (e não só), pensa-se que ainda há muito a fazer neste no domínio do consumo eficiente de energia eléctrica. Julga-se ainda que se todos contribuirmos, para a mesma produção, mais pessoas poderão ter acesso à energia eléctrica.

 

 

Ricardo Queirós

Doutorado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Investigador na área de Instrumentação e Medidas

Faculdade de Engenharia - Universidade Agostinho Neto

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Entendendo os Rankings de Universidades

 

Nota: Considerando a recente mensagem sobre o Estado da Nação, pronunciada pelo Presidente da República de Angola, João Lourenço, na qual se faz referência à meta de ter pelo menos duas universidades entre as 100 melhores de África, voltamos a divulgar este artigo de opinião que poderá ajudar o público em geral a compreender melhor como funcionam os rankings de universidades.

 

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Ultimamente, tem-se falado muito sobre a classificação (ranking) de universidades a nível mundial. Trata-se claramente de um tema bastante controverso, uma vez que há quem os ame, como também há quem os odeie!

A influência dos rankings é cada vez maior. Contudo, a maior parte das pessoas parece não saber qual a sua real utilidade, quem os compila e como são elaborados. Assim, este artigo pretende contribuir para o esclarecimento do processo de classificação, apresentar alguns resultados de 2016, assim como expressar a opinião do autor sobre os vários aspectos relacionados à classificação de universidades. 

Em primeiro lugar, salienta-se que os rankings apenas englobam uma pequena percentagem (< 2%) de todas as universidades do mundo. Há dados que são enviados pela universidade participante (ex. número de estudantes internacionais versus número de estudantes nacionais), porém, outros dados são obtidos em bases de dados independentes (ex. número artigos científicos publicados em revistas indexadas).

Os rankings de universidades têm sido importantes para estudantes, universidades (ex. gestores, professores, investigadores, etc.), governos e sociedade em geral. Resumidamente, os rankings permitem: monitorização de desempenho, realização de comparações, ajuda a estudantes a decidir em que universidade estudar, distribuição de financiamento por parte do governo, envio de bolseiros para as “melhores” universidades, influência na concepção de políticas/reformas do governo, incentivo à divulgação de dados académicos, influência na escolha de parceiros/colaboradores, influência na reputação (visibilidade e credibilidade) da instituição (marketing), identificação de pontos fortes e fracos, e atracção de melhores estudantes, professores e investigadores.

Os rankings são tipicamente elaborados anualmente. Isto deve-se ao facto de os dados relativos aos indicadores utilizados mudarem de ano para ano. Assim, é necessário consultar os rankings anualmente. Todavia, é pouco provável que, de um ano para o outro, uma universidade de topo altere o seu lugar significativamente em determinado ranking. Por outro lado, a reputação de uma universidade está de alguma forma ligada à sua idade. Geralmente, as universidades mais antigas têm maior reputação do que as novas. Contudo, há casos de universidades relativamente recentes a ocuparem boas posições nos rankings

Destaca-se ainda que é possível elaborar rankings organizados por área de conhecimento, por continente, por país, etc. É assim possível fazer comparações mais específicas. Por exemplo, no ranking geral uma universidade pode estar numa posição acima de uma outra, podendo estar, no entanto, bastante abaixo num ranking organizado numa dada área de conhecimento. Assim, dependendo do objectivo, é importante verificar não apenas o ranking geral, mas também os específicos.

Embora existam vários rankings de universidades, destacam-se os mais conceituados: 

1) Classificação Académica das Universidades Mundiais (Academic Ranking of World Universities - ARWU), também conhecido por “Ranking de Xangai” elaborado desde 2003 pela Universidade Jiao Tong de Xangai (China);

2) Classificação das Universidades Mundiais da Times Higher Education (Times Higher Education (THE) World University Ranking), elaborado desde 2004 pela revista THE (Reino Unido);

3) Classificação das Universidades Mundiais da QS (QS World University Ranking), elaborado desde 2004 pela empresa Quacquarelli Symonds (Reino Unido). 

Para classificar as universidades, a metodologia utilizada deve ser científica, estável e transparente, embora não haja uma metodologia perfeita.  Assim, uma vez que cada ranking utiliza os seus próprios indicadores, a comparação de resultados deve ser feita com bastante atenção. Julga-se que a verificação dos 3 referidos rankings resulta numa melhor estimativa da verdadeira classificação de uma dada universidade. Por outro lado, pensa-se que é crucial entender os indicadores utilizados em cada ranking.  

Assim, de forma a facilitar a compreensão, apresentam-se resumidamente os indicadores utilizados pelos 3 referidos rankings:

 

ARWU ranking (6 indicadores) 

1. Qualidade de educação: Número de antigos estudantes que ganharam o prémio nobel ou medalhas por área de conhecimento (10%)

2. Qualidade dos docentes/investigadores: Número de docentes/investigadores que ganharam o prémio nobel ou medalhas por área de conhecimento (20%)

3. Qualidade dos docentes/investigadores: Número de investigadores altamente citados em 21 áreas de conhecimento (20%)

4. Resultados da investigação: Número de artigos publicados em revistas sobre natureza e ciência (20%).  Nota: Este indicador não é considerado no caso das universidades especializadas em humanidades e ciências sociais, sendo o peso distribuído pelos outros indicadores.

5. Resultados da investigação: Número de artigos indexados na Science Citation Index - Expanded and Social Sciences Citation Index (20%)

6. Desempenho académico per capita da universidade (10%)

 

THE ranking (13 indicadores)

  • Ensino (30%) 

1) Reputação (inquérito) (15%)

2) Rácio docentes/investigadores versus estudantes (4.5%)

3) Rácio doutores versus licenciados (2.25%)

4) Rácio doutoramentos atribuídos versus docentes (6%)

5) Receitas da instituição (2.25%)

  • Investigação (30%)

6) Reputação (inquérito) (18%)

7) Receitas (investigação) (6%)

8) Produtividade (investigação). Número de artigos publicados em revistas científicas indexadas (6%)

  • Citações

9) Influência da investigação (30%)

  • Vertente Internacional (docentes, estudantes, investigação) (7.5%)

10) Rácio Estudantes internacionais versus nacionais (2.5%)

11) Rácio Docentes/Investigadores internacionais versus nacionais (2.5%)

12) Colaboração internacional (2.5%)

  • Receitas das Indústria

13) Transferência de conhecimento (2.5%)

 

QS ranking (6 indicadores) 

1. Reputação académica - questionário a académicos sobre as universidades (40%)

2. Reputação do ponto de vista do empregador - questionário aos empregadores sobre as universidades (10%)

3. Rácio número de estudantes versus número de docentes/investigadores (20%)

4. Citações por docente/investigador (20%)

5. Rácio número de docentes/investigadores internacionais versus nacionais (5%)

6. Rácio número de estudantes internacionais versus nacionais (5%)

  

Como se pode observar, cada ranking é elaborado de acordo com os seus próprios indicadores, sendo os mesmos bastante diferentes. Pode-se concluir que estes rankings assentam essencialmente em indicadores sobre ensino, investigação, empregabilidade, transferência de conhecimento e internacionalização. Salienta-se ainda que é necessário considerar a definição exacta de cada indicador.

Consultando os referidos rankings relativos ao ano de 2016, chega-se à conclusão que os Estados Unidos da América (EUA) lideram os primeiros 10 lugares (ARWU 8/10, THE 6/10, QS 5/10), seguindo-se o Reino Unido (UK) (ARWU 2/10, THE 3/10, QS 4/10). Constata-se ainda que as seguintes universidades (ordenadas pela média das posições nos 3 rankings), constam das primeiras 10 nos referidos rankings

  • Stanford University, EUA (ARWU-2, THE-3, QS-2) (2.3)
  • Harvard University, EUA (ARWU-1, THE-6, QS-3) (3.3)
  • Massachusetts Institute of Technology, EUA (ARWU-5, THE-5, QS-1) (3.7)
  • University of Cambridge, UK (ARWU-4, THE-4, QS-4) (4)
  • California Institute of Technology, EUA (ARWU-8, THE-1, QS-5) (4.7)
  • Oxford University, UK (ARWU-7, THE-2, QS-6) (5)
  • Princeton University, EUA (ARWU-6, THE-7, QS-11) (8)
  • University of Chicago, EUA (ARWU-10, THE-10, QS-10) (10)
  • Institute of Technology Zurich, SUÍÇA (ARWU-19, THE-9, QS-8) (12)
  • University College London, UK (ARWU-17, THE-14, QS-7) (12.7)
  • Imperial College London, UK (ARWU-22, THE-8, QS-9) (13)
  • University of California-Berkeley, EUA (ARWU-3, THE-13, QS-28) (14.7)
  • Columbia University, EUA (ARWU-9, THE-15, QS-20) (14.7)

 

Ou seja, estas universidades são, de acordo com os referidos rankings, as melhores do mundo em 2016. Para referência, apresentam-se a seguir as universidades melhor classificadas (2016) de África, da China, Portugal e do Brasil:

  • Tsinghua University, China (ARWU-58, THE-47, QS-24) (43)
  • Lomonosov Moscow State University (ARWU-87, THE-161, QS-108) (118.7)
  • Universidade de São Paulo, Brasil (ARWU-101:150, THE-201-250, QS-120) (140.7 ?)
  • University of Cape Town, SA (ARWU-201:300, THE-120, QS-191) (170.7 ?)
  • Universidade de Lisboa, Portugal (ARWU-151:200, THE-501:600, QS-330) (327.3 ?)

 

Por outro lado, as universidades africanas que constam em 2016 nos referidos rankings são as seguintes:

  • University of Cape Town, SA (ARWU-201:300, THE-120, QS-191) (170.7 ?)
  • University of the Witwatersrand, SA (ARWU-201:300, THE-201:250, QS-359) (253.7 ?)
  • The American University in Cairo, Egipto (ARWU-, THE-, QS-365) (365)
  • Stellenbosch University, SA (ARWU-401:500, THE-301:350, QS-395) (365.7 ?)
  • University of Kwazulu Natal, SA (ARWU-401:500, THE-401:500, QS-651:700) (484.3 ?)
  • University of Pretoria, SA (ARWU-, THE-501:600, QS-551-600) (526 ?)
  • Makerere University, Uganda (ARWU-, THE-401:500, QS-701+) ( 551?)
  • Cairo University, Egipto (ARWU-401:500, THE-601:800, QS-551:600) (576 ?)
  • Rhodes University, SA (ARWU-, THE-, QS-551:600) (551:600)
  • University of Johannesburg, SA (ARWU-, THE-, QS-601:650) (601:650)
  • University of Ghana, Gana (ARWU-, THE-601:800, QS-701+) ( 651?)
  • Alexandria University, Egipto (ARWU-, THE-601:800, QS-701+) (651 ?)
  • University of Marrakech Cadi Ayyad, Marrocos (ARWU-, THE-601:800, QS-) (601:800)
  • Suez Canal University, Egipto (ARWU-, THE-601:800, QS-) (601:800)
  • University of South Africa, SA (ARWU-, THE-601:800, QS-) (601:800)
  • Al Azhar University, Egipto (ARWU-, THE-, QS-701+) (701+)
  • Ain Shams University, Egipto (ARWU-, THE-, QS-701+) (701+)
  • North-West University, SA (ARWU-, THE-, QS-701+) (701+)
  • University of Western Cape, SA (ARWU-, THE-, QS-701+) (701+)

 

Analisando estes dados, claramente se observa o domínio da África do Sul e do Egipto no contexto africano. Ou seja, das 19 universidades africanas que constam nos referidos rankings de 2016, 10 são sul africanas e 6 são egípcias. Conclui-se ainda que a Universidade de Cape Town foi a melhor classificada em 2016.

Como se pode ainda observar nenhuma universidade angolana consta dos referidos rankings. Considerando os indicadores utilizados, o leitor estará em melhores condições para poder tirar as suas próprias conclusões. Contudo, julga-se que ainda há vários aspectos a melhorar antes que alguma universidade angolana possa constar nos referidos rankings.

Finalmente, podemos concluir que os rankings dependem dos indicadores utilizados e dos pesos a eles atribuídos. Adicionalmente, a estimativa da qualidade de ensino continua a ser a principal limitação dos rankings actuais. Julga-se ainda que os rankings devem ser vistos como estimativas limitadas da qualidade das universidades analisadas. Assim, cabe ao leitor decidir se deve ou não confiar em determinado ranking.  

 

Mais informação

http://www.shanghairanking.com/

http://www.topuniversities.com/

https://www.timeshighereducation.com/

http://www.eua.be/Libraries/publications-homepage-list/Global_University_Rankings_and_Their_Impact.pdf?sfvrsn=4

 

11/12/2016

 

Ricardo Queirós

Doutorado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Investigador na área de Instrumentação e Medidas

Faculdade de Engenharia - Universidade Agostinho Neto

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