Operamos no mundo por meio de modelos mentais que nos permitem navegar pela vida de forma eficaz, ainda assim, em um mundo em franca transformação e ebulição, talvez não sejam os mais eficientes.
A miscigenação das gerações, das culturas, dos diferentes níveis de formação, dos idiomas, dos homens e das mulheres nas organizações, das próprias formas organizacionais que misturam modelos piramidais, matriciais e de redes exige, cada vez mais, competências comportamentais por parte das lideranças. As exigências do chefe não podem mais ser pautadas pelo argumento de que ele é uma autoridade, ou de que possui o conhecimento técnico, ou de que sabe mais do que os outros.
"O líder precisa, agora, ser o alquimista de um ambiente de trabalho calcado em confiança, em que as pessoas se sentem seguras para se expressarem, sem medo de errar. Dessa forma, as ideias surgem e são lapidadas a partir de insights e percepções compartilhados; os fluxos criativos individuais unem-se aos fluxos colectivos. De alguma maneira, é um desapego do conceito de autoria individual. Assim, quanto mais diversidade, mais rico será o resultado."
Muitas vezes surge a inovação quando desapegamos de buscar a solução apenas na nossa cabeça. Quando nós abrimos para investigar e confrontar visões diferentes na cabeça dos outros fomentando um ambiente para co-criar com eles algo realmente novo.
Ao mesmo tempo, lidar com tantas divergências acarreta, naturalmente, mais conflitos. Nesse contexto, o líder precisa conjugar abertura sobre o conteúdo (as ideias) com firmeza sobre a forma (a condução das reuniões, do processo em si). Nesse momento, o facto de ter princípios e valores claros em torno de um propósito compartilhado faz toda a diferença.
Não se trata de evitar conflitos e sim, de abrir-se para acolher o diferente, sem, necessariamente, concordar ou discordar. Trata-se de verbalizar de forma não agressiva aquilo que muitas vezes fica "não dito" e, por isso, gera desgaste emocional nas organizações. Trata-se de manejar situações ambíguas e conjugar interesses por vezes antagónicos, transmutando potenciais conflitos e confrontações em negociações cooperativas, conduzindo o grupo a alcançar soluções mais eficientes do que se obtidas individualmente.
Não é de surpreender que as metodologias de inovação, tais como Ágil e “Scrum”, recomendem pactuar um contrato de atitudes e comportamentos nas equipas, começando pela qualidade da comunicação, a simplicidade, a capacidade de dar e receber feedback, a coragem e o respeito. No mesmo sentido, as tendências mostram que no futuro as habilidades de maior destaque serão as sociais, como a capacidade de estabelecer e manter relações de confiança, empatia e inteligência emocional.
Quanto mais inovador, tecnológico e digital precisa ser o ambiente de trabalho, mais necessárias se tornam as competências comportamentais e socio-emocionais.
Enfim, de acordo com minhas observações, para que se manifestem modelos mentais capazes de aumentar a capacidade de adaptação e inovação de uma empresa, bem como de fomentar o engajamento e a inteligência colectiva, é preciso fortalecer nossas habilidades em conjugar:
- escuta empática e profunda com fala assertiva, clara e directa;
- coragem com vulnerabilidade;
- abertura com foco;
- desapego com determinação.
Dica: o segredo está na arte de “conjugar”... Fique atento, irei desenvolver estes 4 pontos e a ideia de conjugar em um futuro artigo ou vídeo!
Por: Thomas Brieu - Director da empresa DO IT Brasil, Palestrante e Professor da Universidade de São Paulo, Especialista em Escutatória, Storytelling ao vivo, Comunicação Ágil.
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/4-habilidades-sem-quais-inova%C3%A7%C3%A3o-n%C3%A3o-floresce-thomas-brieu/