Conheça Alguns dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação Apresentados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia
- Escrito por Portal Ciencia.ao
Os indicadores de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e de Inovação constituem uma ferramenta incontornável para situar Angola no ranking de desenvolvimento científico e tecnológico a nível regional e internacional. O levantamento de indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) visa aferir o grau de desenvolvimento científico e tecnológico por via da medição da realização de actividade de investigação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação. Cada país precisa de definir os tipos de indicadores que deseja para monitorizar e aferir o impacto do investimento em I&D, em termos da produção científica e tecnológica e quiçá na economia.
Neste âmbito, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MINCT), com a co-organização do Ministério do Ensino Superior (MES), realizou no pretérito dia 18 de Julho de 2017, em Luanda, uma sessão de apresentação dos Resultados do 2º Inquérito dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação. No discurso de abertura da actividade, a Ministra da Ciência e Tecnologia, Prof.ª Doutora Maria Cândida Pereira Teixeira, reafirmou a importância dos indicadores de CTI tendo em conta que “através destes é possível obter uma percepção generalizada de como estamos em termos de financiamento à ciência e como estão focados ou como são eficientes e eficazes os actores do SNCTI, isto é, as Instituições de Ensino Superior (IES), de Investigação & Desenvolvimento (I&D), as empresas e ONGs, no tocante às realizações científicas, obtenção de resultados, valorização de produtos e inovação.
A actividade contou com 3 apresentações, nomeadamente:
- Introdução aos Indicadores de CTI e à Metodologia Aplicada, apresentada pelo Coordenador do Grupo Técnico Ad-hoc para os Indicadores de CTI, Prof. Doutor Domingos da Silva Neto;
- Resultados dos Indicadores de Investigação Científica e de Desenvolvimento Experimental, também apresentada pelo Prof. Doutor Domingos da Silva Neto;
- Resultados dos Indicadores de Inovação, apresentado pelo MSc. Sebastião Mateus.
Contrariamente ao 1º Inquérito Nacional de CTI/2013, durante o 2º/2016, não foi possível enviar uma equipa multidisciplinar às instituições e/ou empresas. Assim, foi tomada a decisão de se realizar o 2º Inquérito Nacional de CTI por correio electrónico. Contudo, os conceitos e metodologias utilizados seguem o Manual de Oslo. Por outro lado, o acompanhamento e interacção fez-se essencialmente por correio electrónico, telefone ou através de encontros de trabalho no MINCT e raramente nas instituições ou empresas inquiridas, o que levou a actualização de formulários.
Com o levantamento das listas das Instituições de Ensino Superior (IES), de I&D, de empresas e ONGs, foram apuradas as informações concernentes ao tempo de existência das instituições, assim como estabelecido um contacto prévio para se confirmar os endereços e/ou contactos, definindo a amostra. As listas das instituições foram fornecidas pelo Ministério do Comércio (micro, pequenas e médias empresas), Ministério da Indústria (grandes empresas), Ministério da Ciência e Tecnologia (Instituições de I&D), Ministério do Ensino Superior (IES) e Instituto Nacional de Estatística (lista geral de empresas).
Em relação ao inquérito às I&D e às IES as taxas de resposta foram as seguintes: I&D: 77.4% (24/31) e IES: 24.1% (13/54). Ou seja, apenas 24.1% das IES responderam. Destaca-se, no entanto, que 61.5% (8/13) das IES públicas responderam e contra 12.2% (5/41) das IES privadas. Assim, destacam-se os seguintes indicadores (I&D e IES) preliminares:
Gastos em CTI: 0.08 % do PIB
Número de investigadores nas instituições de I&D: 327
- Doutores: 59, dos quais 74.6% são homens
- Mestres: 93, dos quais 62.4% são homens
- Licenciados: 175, dos quais 57.7% são homens
Contudo, em termos de Equivalente a Tempo Integral (FTE) os 327 passam para 266.5. Ou seja, 18.5% trabalha em tempo parcial.
Número de investigadores nas instituições de I&D, por área:
- Ciências agrárias (39.4%)
- Ciências médicas (26.9%)
- Ciências naturais (23.2%)
- Engenharia e Tecnologia (7.6%)
- Ciências sociais (2.1%)
- Humanidades (0.6%)
Número de técnicos nas instituições de I&D: 258
Contudo, em termos de Equivalente a Tempo Integral (FTE) os 258 passam para 125.4. Ou seja, 51.4% trabalha em tempo parcial.
Número de docentes/investigadores nas IES públicas: 1073
- Doutores: 246, dos quais 82.9% são homens
- Mestres: 471, dos quais 70.7% são homens
- Licenciados: 356, dos quais 72.4% são homens
Contudo, em termos de Equivalente a Tempo Integral (FTE) os 1073 passam para 276.2. Ou seja, 74.3% trabalha em tempo parcial.
Número de docentes/investigadores nas IES públicas, por área:
- Ciências agrárias (3.6%)
- Ciências médicas (7.4%)
- Ciências naturais (24%)
- Engenharia e Tecnologia (6.8%)
- Ciências sociais (49.3%)
- Humanidades (6.3%)
Número de técnicos nas IES públicas: 178
Contudo, em termos de Equivalente a Tempo Integral (FTE) os 178 passam para 33.5. Ou seja, 81.2% trabalha em tempo parcial.
Quanto aos aos indicadores de inovação, a taxa de resposta das empresas foram as seguintes: 31.3% (41/131), sendo que 71.6% das empresas foram inquiridas em Luanda. Destacam-se os seguintes indicadores de inovação preliminares:
Empresas inovadoras por província:
- Luanda: 35
- Bengo: 2
- Kwanza Sul: 1
- Huambo: 1
- Namibe: 1
- Luanda Sul: 1
Percentagem de empresas por tipo de inovação
- Processo: 61%
- Organizacional: 58.5%
- Inovação de marketing: 53.7%
- Produto: 51.2%
Origem das inovações nas empresas
- Resto de África: 24.4%
- Europa: 24.4 %
- EUA: 9.8%
- Ásia: 4.9%
Origem de parceiro de cooperação
- Europa: 9.8%
- Ásia: 6.5%
- África: 4.9%
Propriedade Intelectual
- Registo de marca: 20.5%
- Patente nacional: 15.4%
- Registo internacional de patente: 2.6%
- Registo de modelo industrial: 2.6%
- Reivindicação de direito de autor: 2.6%
- Licença de direito de propriedade intelectual: 2.6%
Principais factores que dificultam as actividades de inovação
- Falta de fundos internos (empresa): 24.4%
- Falta de financiamento externo: 17.1%
- Custos de inovação muito altos: 14.6%
- Dificuldade em encontrar parceiros: 9.8%
- Falta de necessidade devido a inovações anteriores: 9.8%