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O Papel de Angola na Expansão e Adaptação Genética dos Povos Bantu em África e na América do Norte

É cada vez mais evidente que a compreensão dos padrões de diversidade genética sejam um elemento crucial na investigação em saúde, como documentam os estudos realizados em 2016 por Busbyet al. Portanto, um estudo publicado na revista Science, intitulado “Dispersals and genetic adaptation of Bantu-speaking populations in Africa and North America” vem reforçar ainda mais esta ideia. 

O estudo reconstrói a história genética das comunidades de agricultores de língua bantu, desde as suas expansões iniciais ao longo de África até às mais recentes migrações forçadas de uma parte dessa população para a América do Norte, durante a escravatura. E Angola aparece como o epicentro dessa expansão. 

Os investigadores analisaram dados genómicos de 1318 indivíduos de 35 populações da África Central e Ocidental, onde as línguas Bantu se originaram. A partir desta análise foi possível observar que os falantes de línguas bantu do Leste e do Sul de África tinham maiores semelhanças genéticas com as populações de Angola do que entre si. Assim, os investigadores descobriram que os falantes das línguas bantu primeiro migraram para Sul, através do Gabão até Angola, e depois ocorreu uma divisão populacional há 2000 anos, com duas ondas migratórias: 1) Para sul, pela costa oeste, até à África do Sul e 2) Para leste para a zona dos grandes lagos e depois para sul, passando por Moçambique e chegando também à África do Sul. De acordo com as investigadoras, a grande novidade do artigo é que houve uma separação mais tardia e chegaram a Angola, confirmando assim que essa divisão entre as populações bantas não tinha acontecido logo na sua expansão inicial há 4000 anos. 

Verificou-se também que a adaptação genética dos povos bantu contribuiu para a mistura com populações locais durante essa expansão, de onde resultou a influência dos falantes de línguas bantu para a genética de africanos e afro-americanos. De acordo com uma das investigadoras, citada pelo jornal português o Público, a respeito das migrações dos falantes de línguas bantu durante o período de escravatura, “[Os povos] deram assim material genético aos afro-americanos, o que resultou da mistura de várias populações de África”. Estima-se que 73% dos afro-americanos do Norte dos Estados Unidos têm ancestralidade africana, contra 78% dos estados do Sul. Desta ancestralidade africana nos EUA, 13% veio dos actuais estados do Senegal ou Gâmbia (não bantu), 7% da Costa do Marfim e Gana (não bantu), 50% da região à volta do Benim (não bantu) e até 30% da costa ocidental da África Central (bantu), sobretudo de Angola. 

Mais informação em: http://science.sciencemag.org/content/356/6337/543.full ou ainda https://www.publico.pt/2017/05/23/ciencia/noticia/ha-um-novo-mapa-da-historia-das-linguas-bantas-e-angola-e-importante-1773067

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